É
praticamente impossível falar dos jogos mais atuais da série Castlevania – em
especial, títulos do arco Lords of Shadow – sem fazer referência a outros
momentos da franquia. Com praticamente 30 anos desde seu primeiro lançamento,
Castlevania estreou nos consoles em um formato simples. Seu estilo clássico foi
o principal até a primeira grande reinvenção da franquia, em 1997. A
metamorfose em questão ganhou o nome de Castlevania: Symphony of the Night, e
foi o responsável por substituir a linearidade e jogabilidade simples, pela
exploração vasta e mecânicas baseadas em RPG. Com o sucesso, o formato que
ficou conhecido como “Metroidvania” se popularizou rapidamente e ganhou vários
sucessores em consoles portáteis.
O
primeiro jogo da série Lords of Shadow foi lançado em 2010 e apesar de não ter
sido tão bem-sucedido quanto Symphony of the Night, também representou uma
remodelagem na franquia. Seguindo as tendências impopulares perpetuadas com
Castlevania 64 (Nintendo 64) e Lament of Innocence (Playstation 2), desta vez,
o jogador seguiria jornada no formato “Hack and Slash”. Foi a partir deste
ponto, que surgiu o conceito de Castlevania Lords of Shadow: Mirror of Fate.
Assim como o estilo “Metroidvania” se reproduziu nos portáteis a partir do
sucesso de SotN, Mirror of Fate foi expurgado no Nintendo 3DS como
representante direto dos conceitos trazidos para a saga Lords of Shadow.
Guiado
pelos eventos trágicos que concluíram o primeiro jogo do arco e antecipando o
lançamento de Lords of Shadow 2, Mirror of Fate narra o início da eterna
batalha entre o Clã Belmont e o Conde Drácula. Já como príncipe das trevas,
Gabriel Belmont – ou melhor, Drácula – acaba tendo que enfrentar aqueles que um
dia já foram sua família, e que agora, buscam respostas nas paredes de um
gigantesco castelo.
A
maior parte dos grandes erros de Castlevania Lords of Shadow: Mirror of Fate
estão em sua jogabilidade. O sistema não chega a ser ruim, mas ao mesmo tempo,
tenta unir vários conceitos que não combinam e acaba por tornar boa parte da
jogatina em uma experiência confusa. O título tentou importar a mecânica de
exploração dos títulos clássicos da série, desenvolvendo um castelo grande e
cheio de salas, mas se restringiu á um enredo extremamente linear, que te
coloca em uma sequencia infinita de objetivos pré-definidos e desencoraja até
mesmo o mais curioso dos jogadores.
Outro
aspecto mal explorado no jogo é o sistema de batalhas. A impressão que fica, é
que Mirror of Fate é uma versão do “Hack and Slash” mostrado no primeiro Lords
of Shadow, só que portada para o 2D e definitivamente sem nenhuma profundidade.
No começo da aventura, o sistema de combos oferece oque parecem ser várias
possibilidades de aniquilar seus inimigos, mas aos poucos fica nítido que a
melhor estratégia é apenas usar o comando de ataque básico até o botão afundar
e você perceber que os monstros tem um padrão de movimentos extremamente
limitado.
Até
mesmo o conceito de troca de personagens consegue ser decepcionante. Apesar de
ajudar de forma bacana com o desenvolvimento do enredo, a participação dos
quatro personagens fica forçada e em alguns momentos chega a quebrar o ritmo
durante a passagem dos capítulos. Você começa a avançar com um dos
protagonistas, se identifica com a história, desbloqueia itens, entende as
habilidades únicas e de repente... um novo protagonista surge e o anterior é
totalmente abandonado. É como ter um cachorrinho de estimação e toda vez que
ele aprender um novo truque, ser trocado por um filhote.
De
modo geral, Castlevania Lords of Shadow: Mirror of Fate é um bom jogo. Nada
mais que isso. O título tentou ousar, trazendo uma experiência diferenciada e
que ao mesmo tempo remetesse aos anos de ouro da franquia, e de certa forma
conseguiu. Apesar de não serem tão sofisticados, os gráficos e a arte do jogo
agradam. A ambientação do castelo é construída seguindo as mesmas diretrizes
herdadas de outras épocas, garantindo que a maior parte dos espaços seja
dominada por uma atmosfera sombria e gótica. A trilha sonora também acompanha a
qualidade observada em todos os outros títulos da série, e apesar de não ter
faixas emblemáticas como os jogos clássicos, traz o melhor das músicas
instrumentais para esquentar um pouco mais as batalhas.
Prós:
- Belos
gráficos e cutscenes em 3D;
-
Arte com temática sombria que combina com o universo do jogo;
-
Trilha sonora instrumental de qualidade;
-
Enredo interessante.
Contras:
-
Sistema de combos descartável;
- Ridiculamente
fácil;
- Mau
uso das mecânicas de exploração;
-
Trocas de personagens frustrantes.
Castlevania Lords of Shadow: Mirror of Fate (3DS) | Nota: 7,0 - BOM
Análise | Castlevania Lords of Shadow: Mirror of Fate (3DS)
Reviewed by Clercio Rodrigues
on
15:09:00
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